Pular para o conteúdo principal

LULA TERÁ DE FAZER UMA REFORMA MINISTERIAL


Por Marcelo Tognozzi

O governo queimou a embreagem nesta semana, seguramente a pior nestes 18 meses de governo. Embreagem permite a troca de marcha e de velocidades, reduzir nas curvas, acelerar nas retas. Lula teve de engolir a devolução da MP do PIS/Cofins, contra a qual se rebelaram os que produzem, criam empregos e pagam impostos caríssimos com retorno pífio.

Em 28 de maio, o governo já sofreu derrotas com a derrubada do veto das saidinhas e a manutenção do veto de Bolsonaro à lei que criminalizou as fake news. Isso, sem falar do marco temporal para demarcação de terras indígenas e da PEC das drogas que avança no Congresso e irá endurecer a repressão ao porte e ao uso.

Este é um governo que já começou velho. Assumiu o protagonismo político antes de o anterior acabar e continua envelhecendo rapidamente porque não oferece nada de novo, não tem plano econômico e fala mais de Bolsonaro do que de futuro. Enquanto isso, a inflação dá seus soluços.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, desde a posse tratado a pão de ló pelo mercado, usou e abusou do velho truque indígena de mandar para o Congresso propostas indigestas e, depois, negociar para não sair de mãos abanando. Com a devolução da parte essencial da MP do PIS/Cofins, game over para Haddad. Vai ter de sacar outro truque da cartola. Se é que ainda existem truques e cartolas disponíveis.

Rubens Ometto, da Cosan, já tinha dado o tom da orquestra, mas as figuras centrais da campanha pela devolução da MP foram 2 baianos: Ricardo Alban, presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria), e João Martins, presidente da CNA (Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária). Afinadíssimos, Alban assoprou e Martins mordeu. Depois deram entrevistas juntos e misturados.

O escândalo do leilão do arroz foi a crônica da alopragem anunciada. O ex-secretário do Ministério da Agricultura Neri Geller, um ex-titular do ministério, perdeu o cargo depois de confirmada a sociedade do seu filho e um ex-assessor numa das empresas vencedoras do leilão de arroz. Era tudo o que não precisava acontecer. Até porque não falta arroz e nem faltará, garantem produtores e comerciantes. Mas o que esperar de um sujeito que já foi ministro e aceitou voltar ao ministério como assessor do ministro Carlos Fávaro? Deve ser um lugar muito bom para trabalhar esse Ministério da Agricultura.

Lula terá de fazer uma reforma ministerial. É questão de sobrevivência. Sua articulação política é irrisória, o ministro Alexandre Padilha não fala com o presidente da Câmara e está à margem das negociações para a sucessão na Casa. O presidente, defensor da isenção de impostos para as “comprinhas” nos sites chineses, acabou tendo de aceitar a taxação de 20% sobre as compras até US$ 50. Ou seja: o que antes custava US$ 50, agora custará US$ 60. A sorte do governo é contar com gente competente e sóbria como o líder no Senado, são Jaques Wagner, cuja especialidade tem sido milagres dos mais variados tipos e tamanhos.

O melhor ministro do governo é José Múcio Monteiro. Leal, sério e competente, debelou a crise nas Forças Armadas. A ponto de ninguém mais lembrar os nomes dos comandantes militares. Ministro bom é ministro que não traz problema, traz solução.

O ministro-problema Juscelino Filho, das Comunicações, foi indiciado num inquérito da Polícia Federal e é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro. Lula sabe que mais dia, menos dia o pior vai acabar acontecendo.

A ministra Nísia Trindade não soube lidar com a dengue, a doença desembestou e agora há quase 6 milhões de casos e mais de 2.800 mortes. Nunca o time dos mosquitos tinha dado um baile assim no Ministério da Saúde, comandado por alguém que veio da Fiocruz, cujo fundador, Oswaldo Cruz, ficou famoso combatendo mosquitos há mais de 100 anos. Cento e tantos anos de experiência que de nada serviram.

Uma hora a conta chega, como foi o caso nesta semana. Nos últimos 18 meses, o que temos visto são impostos demais e governo de menos. Lula tem dito que equilibrará as contas arrecadando mais, baixando as taxas de juros e aumentando investimentos. Nem um pio sobre corte de despesas e desperdícios.

O mercado entendeu que Lula tirou o urso para dançar, o dólar assanhou, a Bolsa amuou e o real desvalorizou. A última rodada do PoderData mostrou Lula com uma desaprovação (47%) maior que a aprovação (45%) e não vai parar por aí.

O presidente governa neste 3º mandato como se vivesse nos tempos dos seus 2 anteriores. A situação era muito diferente, o mundo era diferente. Lula podia acordar e decidir –como fez– que era preciso tolerância zero na combinação álcool e direção e o teste de bafômetro veio para ficar. Não havia um Supremo sócio do governo e o PT e seus aliados tinham maioria.

Agora é bem diferente. Este é um governo de minoria parlamentar. Governos desse tipo ou ganham no grito, ou ganham negociando. A realidade desta semana mostrou que no grito não vai e a negociação precisa de um upgrade urgente.

A necessidade de uma reforma ministerial tem sido tema de conversas entre petistas históricos, incomodados com a perspectiva de uma derrota acachapante nas eleições deste ano. Pensam na sobrevivência, mas o partido não tem candidatos fortes nas principais cidades.

Não há sinais indicando uma possível derrota de Arthur Lira na disputa pela presidência da Câmara. Ele teve 302 votos na sua 1ª eleição e 464 na 2ª. Tenho 40 anos de Congresso e nunca tinha visto proeza parecida.

A competência de Lira tem sido vencer e ocupar, é nesta toada que ele deve eleger seu sucessor. A derrota do PT nas grandes cidades significa menos máquina para eleger deputados federais. Arthur Lira sabe disso. E há um detalhe, sempre lembrado por deputados veteranos e novatos: ele cumpre os acordos. Na hora de votar num candidato a presidente da Câmara isso vale muito.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

DERROTA PARA EZEQUIEL

  Caso se confirme a derrota do Governo na Assembleia Legislativa do RN, sobre a manutenção do aumento na alíquota do ICMS em 20%,  outro grande derrotado será o atual presidente do legislativo,  deputado Ezequiel Ferreira (PSDB). Nos bastidores há uma grande  insatisfação por parte de deputados com o presidente.

CAICOENSE É ENCONTRADA SEM VIDA DENTRO DE UM CARRO EM NATAL

A caicoense  Milena Azevedo de Sena Alves, 32 anos, foi achada sem vida dentro de um carro próximo à ponte Newton Navarro, em Natal. Corpo foi removido pelo Itep. A família ainda não esclareceu o que pode ter acontecido com Milena, dada como desaparecida pelos familiares horas antes de seu corpo ter sido localizado. Nas redes sociais uma mensagem com despedida a Milena circula desde as primeiras horas desta terça-feira, 02 de janeiro de 2024. Sepultamento será em Natal. MENSAGEM Infelizmente temos uma notícia muito triste para nós Caicoenses. Milena, que estava desaparecida, foi encontrada sem vida dentro de um veículo próximo à ponte Newton Navarro. Os familiares foram reconhecer o corpo no Itep. Ela era filha de Conceição Azevedo e Dircineu Sena. Conceição foi funcionária do Banco do Brasil de Caicó e Dircineu da CAERN.

POLÍCIA PRENDE TRÊS EM OPERAÇÃO DE COMBATE AO TRÁFICO NO SERIDÓ

Nas primeiras horas desta quarta-feira, 22, Policiais Civis de todas as equipes componentes da 3DRP deflagraram operação policial nas cidades de Florânia e Tenente Laurentino visando coibir o tráfico de drogas e apreender armas de fogo.  Ao todo, foram cumpridos dez mandados de busca e apreensão, resultando em três flagrantes por porte e posse irregular de arma de fogo e dois TCOs por crime ambiental. Tiago (camisa vermelha) já foi preso por participar de uma tripla tentativa de homicídio e é também apontado como envolvido em um homicídio ocorrido no mês de maio, na cidade de Florania.  Foram presos: JOSÉ DA SILVA MACEDO, 50 anos, conhecido como ZEZINHO DO BAR; TIAGO CRISTIAN SANTOS MACEDO, 21 anos; e PAULO MAURO DA SILVA, 29 anos, vulgo Paulinho. Com eles foram apreendidos dois revólveres calibre 38, 12 munições intactas e duas espingardas artesanais. A operação contou com a participação de 30 policiais civis e uma guarnição da Polícia Militar da cidade de Tenente Laurentino e foi c