COM POSSÍVEL FORMAÇÃO DE NOVO BLOCO EM MEIO A TENSÃO COM LIRA, LULA TÊM PREFERÊNCIA POR PRESIDENTE DO REPUBLICANOS PARA À PRESIDÊNCIA DA CÂMARA
Lula e Marcos Pereira (Foto/Agência Brasil)
Da Coluna Correio Político no Correio da Manhã
Há, sim, por trás da declaração de guerra do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ao governo a questão do poder orçamentário. Esse, porém, é um problema que já havia e que já se sabia que provocaria reação.
Um fato adicional, porém, no primeiro dia de retomada dos trabalhos do Congresso parece ter sido o estopim da irritação maior de Lira: a decisão do PSB de sair do bloco liderado pelo presidente da Câmara.
No fundo, tudo gira em torno da mesma questão fundamental: poder. Lira briga pelo orçamento porque esse aumento de poder é uma conquista do Legislativo muito debitada a ele. Lira quer continuar dando as cartas mesmo depois que deixar de presidir a Câmara. E é nesse ponto que a saída do PSB do bloco pode virar um início de problema para ele.
Para manter o poder que tem, é fundamental para Lira fazer seu sucessor. E isso passa evidentemente muito pelo comando da maior bancada possível de deputados. É o que Lira obteve com o bloco que formou. Com o PSB, ele somava 176 deputados.
A saída do PSB do bloco coincide com a notícia de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria começado a se movimentar para inflar nomes na sucessão de Lira: na preferências o vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira (Republicanos-SP).
O nome preferido de Lira é o líder do União Brasil, Elmar Nascimento (BA). Ao ver a movimentação coincidir com a saída do PSB, partido do vice-presidente Geraldo Alckmin, Arthur Lira enxergou a possibilidade de uma articulação para atropelá-lo. E reagiu. Vêm daí os recados mais duros do seu discurso na abertura: “Não subestimem esta Mesa Diretora!” Ou: “Errará, insisto, errará grosseiramente qualquer um que aposte numa suposta inércia desta Câmara dos Deputados neste ano de 2024. Seja em razão das eleições municipais (…), seja, ainda, em razão de especulações sobre eleições para a próxima Mesa Diretora”. A briga pelo maior bloco já tinha acontecido no ano passado.
No início do ano passado, articulou-se a criação de um bloco que uniu MDB, PSD, Podemos e PSC. Com 142 deputados, parecia ser um racha no Centrão a desafiar o poder de lira. Que logo uniu o Centrão que ficou com ele ao PDT e ao PSB.
Lira, então, passou a comandar o maior bloco, e manteve o controle da maior parte da Câmara. Com a saída do PSB, seu bloco continuará a ser o maior, com 158 deputados. A não ser que o PSB agora se una ao bloco do MDB/PSD.
Se o PSB passar para o outro bloco, de 142 ele pula para 160. E fica maior que o bloco de Lira por dois deputados. E a perda poderia ser maior. Como noticiou no Correio Bastidores Fernando Molica, também se cogitou a saída do PDT do blocão.
Em princípio, Lira parece agora ter conseguido segurar o PDT. Pelo menos foi o que assegurou ao Correio Político o líder do partido, André Figueiredo (CE). Ele garantiu que os 17 deputados do PDT não sairão do blocão de Lira. A briga terá mais capítulos.
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