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ENGORDA DE PONTA NEGRA: CONDUTA ELEITOREIRA E TERRAPLANISTA QUER PRENDER NATAL AO ATRASO


Reprodução


A engorda de Ponta Negra é um projeto que – se executado – trará soluções para muitos dos problemas sociais, econômicos e inclusive ambientais da principal praia urbana de Natal e de todo o entorno que vive dela.


Ponta Negra lida hoje com as consequências da redução de sua faixa de areia, praticamente extinta pelo avanço das marés em direção ao calçadão. Ali espremida, a praia se tornou indisponível à recreação por grande parte do dia, prejudicando toda a dinâmica econômica local e gerando danos sociais e ambientais.


A degradação de nossa principal praia é visível e crescente. A recente reportagem da Rede Globo – que expôs os riscos decorrentes da erosão da base do Morro do Careca – é apenas a mais recente exibição de um drama que se estende por décadas e para o qual faltavam a coragem e a disposição necessárias para o enfrentamento. Essa disposição e coragem se materializaram no projeto da engorda de Ponta Negra, que – como era previsível – enfrenta a oposição de setores que há muito atrasam o progresso de nosso estado.

Com recursos assegurados pela Prefeitura e disposição política da gestão, o maior obstáculo que se opõe ao projeto atualmente é atuação do IDEMA (Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente). A instituição vem desde 2015 emprenhando de dificuldades o processo de liberação das obras.


Sob alegações superficiais, o IDEMA condena Ponta Negra – ironicamente – à degradação ambiental. Isso porque em momento algum traz à luz uma alternativa mais eficiente para solucionar os atuais problemas que castigam a região. Sua postura conservadora vai no sentido de que nada seja feito, abandonando a praia à própria sorte.


Por trás dessa atitude há um componente ideológico e outro político-eleitoral.


O aspecto ideológico que norteia a ação de certos setores de nossa sociedade – do qual o IDEMA é um exemplo basilar – é um monstrengo que reúne conservadorismo e terraplanismo numa receita perigosa. Essa mentalidade nega a real existência da intervenção humana em seu ambiente. Ponta Negra já faz parte da rede urbana de nossa capital, e as intervenções que ela requer exigem que os aspectos sociais e econômicos sejam levados em conta.


A alternativa a isso seria regredir no tempo alguns séculos e impedir o povoamento de todo o litoral. De outra forma, qual seria a viabilidade de se remover todas a estruturas humanas (comércios, habitações etc) e restituir a Ponta Negra sua ilusória realidade intocada? (Aliás, os terraplanistas da conservação ambiental também costumam ser contra remoções.)


Ponta Negra é uma praia inserida no contexto de uma metrópole moderna, e as soluções para seus problemas também devem ser modernas. É aí que entra o arrojado projeto da engorda, sem dúvidas o mais importante dos projetos públicos em curso no Rio Grande do Norte.

Afora o misticismo ambientalista, há ainda uma motivação mais perniciosa nutrindo os obstáculos constantes que se opõem ao projeto da engorda: o jogo eleitoral.

Com potencial de transformar a feição de nossa capital, impactando no turismo e na qualidade de vida (e insisto: na preservação ambiental), o projeto da engorda naturalmente jogará papel de destaque nos processos eleitorais pela sucessão de Álvaro Dias – e os grupos políticos já se movimentam intensamente nesse sentido.


Os empecilhos ao desenvolvimento do projeto, constantemente recriados, trazem sérios questionamentos sobre suas motivações não declaradas. Uma ação de tamanha importância deveria impôr aos agentes públicos no mínimo um senso de urgência, uma atitude colaborativa no sentido de superar os entraves e construir soluções conjuntas para as limitações que qualquer projeto de tal envergadura sempre possui. Mas não é isso que se vê.


Ao contrário, o que vemos é um pernicioso jogo de imputação de responsabilidades e indiferença diante das necessidades da população. A recusa na liberação da licença prévia para as obras é o sinal mais evidente dessa conduta. Prática rotineira e saudável, a licença prévia visa a permitir que projetos importantes não se tornem inviáveis, criando mecanismos para ajustes e correções enquanto suas fases iniciais têm andamento.


Como se não tivesse nenhum interesse no prosseguimento das obras – e pelo visto realmente não tem – o IDEMA acaba de emprenhar o processo de liberação com novos “questionamentos”, sem oferecer quaisquer alternativas que permitam o projeto avançar enquanto todas as muitas questões que o órgão levanta são respondidas e sanadas.


O caminho natural desse círculo vicioso nos conduz a mais e mais pedidos adicionais e etapas prévias à liberação, tudo isso de forma nada colaborativa, sem ter os reais problemas e suas soluções em vista.


Querem saber o resultado dessas práticas, caso não haja uma mudança de curso? É só dar uma volta pela via Costeira e ver o monstrengo lá abandonado, o cemitério de uma obra embargada em defesa da natureza mística. Hoje, os restos da construção poluem o meio ambiente, enfeiam nosso litoral e agravam problemas sociais, como a insegurança.


Mas aparentemente está tudo bem. Em nome da “mãe natureza” o grande mal foi derrotado e a obra paralisada. Certo, nem entro nos méritos da interdição dessa obra específica. O fato que intriga nisso tudo é que após enterrarem os projetos que julgam “maus”, o sacrossantos defensores da natureza intocada se esquecem completamente do problema, abandonando a região à própria sorte.


Por que não têm o mesmo empenho de antes agora, para remover os destroços da obra abandonada e restituir a dignidade da região? Talvez porque resolver problemas não seja problema deles. Estão concentrados demais em decidir o que os outros não podem fazer.


Faltou a Natal quem, vinte anos atrás, tivesse coragem de encarar esses setores e seus interesses. Agora que temos um projeto ousado para enfrentar os problemas da praia de Ponta Negra, não podemos deixar que a oportunidade escape. Do contrário, daqui a mais vinte anos veremos nossa mais importante praia urbana devastada, a economia local arruinada e o Morro do Careca, bem, desse provavelmente já restarão apenas as fotos.


A inércia joga contra uma cidade que cresce e precisa se desenvolver para se adaptar à nova realidade. Se o terraplanismo eleitoreiro triunfar, mais uma vez deixaremos escapar a oportunidade rara de decidirmos enquanto sociedade a forma como iremos inserir nossa cidade no futuro. E se isso acontecer, quem terá consolo na ideia tola de que esteve do lado certo da história ao impôr a inércia, impedindo os ventos do progresso de arejarem nossa atmosfera saturada de ranço demagogo?


Do Blog do Girotto

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