FÁBIO FARIA FECHOU CONTRATO DE R$ 1,6 MILHÃO COM "PARANÁ PESQUISAS" DOIS MESES ANTES DO INSTITUTO DIVULGAR EMPATE ENTRE LULA E BOLSONARO
O Instituto Paraná de Pesquisas e Análises de Consumidor, conhecido como “Paraná Pesquisas”, fechou um contrato com o governo federal no valor de R$ 1,6 milhão para prestação de serviços de pesquisa dois meses antes de divulgar o resultado em que consta empate técnico entre o presidente Jair Bolsonaro (PL) com seu principal adversário, Luiz Inácio Lula da Silva (PT): 41,4% para Lula a 35,3% quando estimulada e 28,3% a 27,3% na espontânea. A reportagem é de Lúcio de Castro, da Agência Sportlight.
A divulgação dessa quarta-feira, 1, chamou atenção pelo tamanho da discrepância com a tendência apontada pelos demais institutos nos últimos dias e mais especialmente com o Datafolha. No último dia 26, o Datafolha revelou apuração em que Lula estaria com 21 pontos de dianteira do atual presidente, (48% a 27%), o que asseguraria vitória no primeiro turno. Sem mencionar o acordo recente entre governo e o instituto, os deputados da base bolsonarista e influenciadores digitais louvaram a instituição paranaense, levando o nome para os principais assuntos do dia nas redes.
No dia 30 de março, o Ministério das Comunicações, comandado por Fábio Faria, assinou o contrato 37/2022 com o Instituto Paraná de Pesquisas e Análises de Consumidor no valor de R$ 1.623.600,00 (um milhão, seiscentos e vinte três mil e seiscentos reais), tendo como objeto a “contratação de empresa especializada na prestação de serviços de pesquisa de opinião pública”.
O governo Bolsonaro também gastou, no dia 31/3, através do Ministério das Comunicações, R$ 11.900.000,00 para pesquisas quantitativas do Instituto de Pesquisa de Reputação e Imagem (IPRI), que tem entre seus sócios a FSB.
Embora os contratos não citem diretamente o termo ‘eleição’, isto não impediu que eles tenham, entre outras exigências que indicam possível utilização em campanha, a de “que os participantes da pesquisa de opinião sejam residentes das localidades escolhidas com idade maior ou igual a 16 anos”. Ou seja: realizada apenas com eleitores.
Denúncia
Em 2020, o Ministério Público Federal de São Paulo (MPF-SP) denunciou o sócio do Instituto Paraná Pesquisas Murilo Hidalgo Lopes de Oliveira (foto) por lavagem de dinheiro e associação criminosa. Ele teria celebrado contrato “ideologicamente falso” com a farmacêutica Hypermarcas que previa a simulação de uma pesquisa para o grupo, possibilitando a emissão de uma nota fiscal e, posteriormente, em operação triangular, o repasse de propina ao ex-deputado Paulo Roberto Bauer. Dois contratos de R$ 750.000,00 foram assinados na ocasião.
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