Um dos setores que mais emprega no Rio Grande do Norte é o da construção civil. Em número de admissões, o setor é o terceiro com mais oportunidades geradas neste ano, atrás apenas dos setores de serviços e comércio. Esse resultado é reflexo de tempos positivos nos negócios.
Neste ano de 2024, um total de 37 alvarás de construção já foi emitido só na cidade de Natal, onde mais de 2.500 admissões foram feitas. Se compararmos o número de admissões com o de demissões, o resultado é positivo, ratificando a recuperação do setor.
Herika Arcoverde, diretora-executiva do Sindicato da Indústria da Construção Civil no RN (Sinduscon-RN), destaca o impacto significativo que a construção civil tem no desenvolvimento da economia local. “O crescimento da construção tem impactos econômicos significativos, incluindo a geração de empregos (direto e indireto), o aumento do investimento em infraestrutura, o desenvolvimento imobiliário e o estímulo ao crescimento de outros setores relacionados, como o comércio de materiais de construção e serviços. Além disso, o setor contribui para a valorização de áreas urbanas e o desenvolvimento econômico regional”, destaca Arcoverde.
Levando em consideração a geração de emprego, e contabilizando apenas os números de janeiro e fevereiro do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, o saldo de empregos gerado na construção no RN é de 626, já se aproximando do resultado de 2020, quando atingimos o pior desempenho dos últimos cinco anos com um saldo de 974.
É preciso lembrar que naquele ano vivenciamos a crise sanitária instalada pela pandemia de covid-19, que ocasionou uma bruta paralisação dos serviços considerados não essenciais, como é o caso da construção civil.
Desde então, o saldo de empregos é sempre positivo e superando a casa dos 3 mil. Outro dado que chama a atenção é que a cada ano, o número de admissões é maior que no ano anterior, saltando de 21.589 em 2020 para 34.123 no ano passado.
Desafios para a retomada do protagonismo do setor
Apesar dos dados positivos, é preciso enxergar que o momento ainda não é o ideal para o setor. A constante positiva dos últimos anos mostra que estamos caminhando rumo a um melhor momento, mas ainda há barreira para superar.
“Os últimos dez anos foram muito difíceis para o mercado imobiliário, as condições econômicas e a falta de confiança das famílias com o futuro, fizeram com que houvesse uma retração considerável na decisão de investir na compra da casa própria. O momento atual apresenta as condições necessárias para que o mercado imobiliário retome de forma mais forte o seu protagonismo na economia do país. A redução da taxa Selic, a melhora na confiança das famílias e das condições econômicas, acrescido da tão esperada revisão do Plano Diretor de Natal, devem alavancar a demanda por imóveis nos próximos anos”, comenta Ramos.
Ele relembra o período de pandemia e comenta que não considera aquele o pior momento do setor nos últimos anos.
“Na realidade, a pandemia só atrapalhou o mercado imobiliário nos primeiros meses, quando ninguém tinha certeza do que viria acontecer com a economia, em um segundo momento, passado o susto inicial, o mercado imobiliário continuou se recuperando, mas ainda de forma incipiente. O maior problema enfrentado pelo mercado imobiliário ocorreu após a eleição da Presidente Dilma em 2014, com a queda do PIB por dois anos consecutivos e uma escalada de distratos contratuais, cumulados com a retração dos agentes financeiros para o financiamento as empresas. Atualmente as condições econômicas e financeiras estão bem mais favoráveis a uma retomada mais robusta desse mercado”, rememora Francisco Ramos.
Sobre o período pandêmico, o empresário Gabriel Wanderley, presidente da W3 Empreendimentos, destaca que “tivemos um enorme aumento de custo de material, além dos desafios operacionais do âmbito sanitário”. Mas, igualmente ao Francisco Ramos, vê o momento atual como uma oportunidade para levar o setor a dias melhores. “Os preços agora estão mais estáveis e a correção feita no subsídio do programa MCMV, principalmente para famílias até 2 salários mínimos, fez com que muitas famílias entrassem no programa com capacidade de compra, então podemos perceber um aumento de demanda que nos deu um pouco mais de tranquilidade”, completa Gabriel Wanderley.
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