Em 1558 o rei português D. Sebastião decidiu montar uma campanha militar contra os turcos que controlavam o norte da África, então montou uma expedição de guerra e foi-se para o Marrocos, terra de onde nunca mais voltou. A desventura do rei teve consequências muito severas porque ele não tinha herdeiros e deixou Portugal em uma situação difícil sem continuidades dinásticas, evoluiu depois no domínio espanhol sobre o reino entre de 1580 a 1640 com diversas consequências que favoreceram até a invasão holandesa no nordeste do Brasil .
Mais um outro efeito do desaparecimento do malfadado rei teve bases místicas, proporcionando uma crença sobrenatural do retorno messiânico de Dom Sebastião. O sebastianismo mobilizou fiéis em Portugal e em longínquas partes do Brasil,
280 anos depois do sumiço de Dom Sebastião, no Sertão de Pernambuco crentes sebastianistas protagonizaram um episódio sangrento em nome do fanatismo. Desde 1836 uma seita orientada por um certo João Antônio instalou-se em Villa Bella, no atual município de São José do Belmonte, mais exatamente nos arredores de duas imponentes formações rochosas semelhantes a torres de mais de 30 metros de altura. O local era então conhecido como Pedra Bonita e lá os fiéis constituíram uma comunidade organizada como um pequeno reino liderado pelo místico João Antônio.
O beato acabou abandonando o seu mini-reino depois de procurado pelo padre local e pela pressão dos proprietários e autoridades, passando o comando dos seguidores para o cunhado João Ferreira, que não estava disposto a abrir o trono de mão nem de usar sua coroa feita de cipó .
O rei João espalhou entre os seus súditos mensagens prometendo glórias e fortunas compartilhadas diante da promessa de ressurgimento glorioso de Dom Sebastião.
Gente nova chegava e se juntava ao culto para compartilhar das mirabolantes esperanças e desgosto diante da miséria e domínio dos poderosos locais. João era um déspota que não faria vergonha a um rei autoritário e controlador, impondo aos seus cerca de 300 seguidores um regime rígido de regras tão estranhos quanto era de se esperar em uma situação como essa de um reino isolado no meio da caatinga. Nos domínios da Pedra do Reino era proibido tomar banho, a poligamia estava liberada e todos precisavam estar sob o efeito do “vinho santo”,
João anunciou que teve uma “visão” de que o sangue do desejo seria a exigência de Dom Sebastião como prova de fé para que pudesse aparecer para seus abençoados e promover a libertação prometida. Com pessoas fanatizadas e de consciências sustentadas pelo constante estado de entorpecimento com o consumo excessivo do tal vinho que bebiam o tempo todo, o “pedido” de Dom Sebastião não foi negado e passou a promover uma matança abominável entre eles.
De 14 a 18 de maio de 1838 as atrocidades mais insanas ocorreram no reino. Fiéis tiravam a própria vida se jogando do alto das torres rochosas que a natureza ergueu no local, mas vários também executaram assassinatos até de crianças que eram decapitadas. A loucura sanguinária vitimou também o rei João, morto por um de seus súditos como vingança depois que o líder fanático determinou o sacrifício da própria esposa, a rainha Izabel.
A força policial chegou por lá no último dia de confusão, quando já eram registradas mais de sessenta mortes, porém ocorreu enfrentamento que vitimou mais gente. Ao todo, conta-se que mais de oitenta pessoas morreram mortos, número que incluiu também alguns soldados que se deslocaram para lá com a finalidade de lidar com a situação.
Os corpos dos fiéis da carnificina da Pedra Bonita ficaram ao relento só foram sepultados dois meses depois por ação do padre número que incluía também alguns soldados que se deslocaram para lá com a finalidade de lidar com a situação. Os corpos dos fiéis da carnificina da Pedra Bonita ficaram ao relento só foram sepultados dois meses depois por ação do padre número que incluía também alguns soldados que se deslocaram para lá com a finalidade de lidar com a situação. Os corpos dos fiéis da carnificina da Pedra Bonita ficaram ao relento só foram sepultados dois meses depois por ação do padre.
O Reino Encantado, como foi batizado posteriormente a comunidade fanática, foi uma manifestação extrema do sebastianismo que ainda voltaria a se manifestar em mais episódios de trágicos no Brasil depois disso.
A Pedra do Reino
O episódio foi contado por Ariano Suassuna em 1971, no livro o Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta . A obra, inspirada no trágico episódio do século 19. "A partir do momento em que Ariano escreve o 'Romance d'A Pedra do Reino', a cidade de São José do Belmonte entra para a geografia literária brasileira", afirma Manuel Dantas Suassuna, filho do escritor.
Mas Ariano Suassuna fez mais do que colocar a pequena cidade pernambucana no mapa da literatura nacional.
Para que a história não fosse esquecida e para incentivar o turismo, o escritor paraibano idealizou uma espécie de santuário no local da tragédia. Em torno das duas pedras gigantes, foram erguidas 16 esculturas desejáveis em círculo, denominadas por ele como a Ilumiara Pedra do Reino.
"A Ilumiara faz uma homenagem ao santuário de Congonhas e ao Aleijadinho. Está homenageando santos, profetas e reis. E com a criação da Ilumiara Pedra do Reino cresce a atenção para esse local sagrado", diz Dantas Suassuna.
Segundo Valdir Nogueira, o município tem procurado preservar a história da Pedra do Reino "através dos símbolos oficiais (brasão, bandeira e hino), da sua cultura e acima de tudo das suas mais genuínas tradições: Cavalgada, Cavalhada, Castelo Armorial, Ilumiara Pedra do Reino, Portal Armorial, Memorial da Pedra do Reino, da literatura de cordel, dos seus poetas e escritores, de cantos e danças".
Em 1992, a Associação Cultural Pedra do Reino, da qual Ariano Suassuna fazia parte, criou a "Cavalgada à Pedra do Reino".
Desde então, uma vez por ano, no último domingo de maio, cavaleiros vestidos de azul e vermelho se reúnem nas primeiras horas da manhã em frente à Igreja Matriz de São José, onde são anunciados durante a missa. Após a cerimônia religiosa, os participantes seguem com destino à Serra do Catolé, um percurso de aproximadamente 30 km que sai do centro da cidade até o local onde aconteceu o massacre.
Assim como a cavalgada, todas as práticas comemorativas aplicadas ao sebastianismo têm como objetivo manter o mito e a tradição. O propósito é que a história lendária não desapareça das bibliotecas e livrarias, nem da memória do povo de São José do Belmonte,
Por outro lado, a preservação das lembranças do massacre também não permite esquecer que “o sebastianismo parece ocorrer com aqueles que se sentiram esvaziados de potência. e conquistar", destaca o professor da UFPE.
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