
Uma série de denúncias sobre o escandaloso processo de venda de ativos da Petrobras veio à tona nos últimos dias. O caso da Petrosix – uma unidade de exploração de xisto – é o mais recente deles. No Rio Grande do Norte, fatos da mesma gravidade põem sob suspeita a venda de vários polos de exploração de petróleo e da Refinaria Clara Camarão.
O Blog do Girotto investigou essas tenebrosas transações ao longo dos últimos meses e começa a publicar amanhã (15) uma série de reportagens que revelam os esquemas praticados à luz do dia e diante dos olhos de todos. O resultado desse negócio bilionário também é evidente: o desmonte da indústria do petróleo no RN.
Venda da Petrosix, envolta em denúncias de corrupção, é só a ponta desse iceberg
Uma ação popular foi ajuizada na manhã desta sexta-feira, 14, contra a Petrobras, a Forbes Resources Brazil Holding S.A. (F&M Brazil) e a União Federal visando à anulação da venda da Unidade de Industrialização do Xisto (SIX) para o grupo canadense F&M.
A ação popular, de autoria da deputada federal Gleisi Hoffmann e da deputada estadual Ana Júlia, tem como base o calote dado pela F&M na Petrobrás por serviços prestados em TSA (Suporte Temporário Administrativo e de Apoio Técnico à Operação da Refinaria) à SIX, unidade localizada em São Mateus do Sul, no Paraná. A quebra de contrato levou a Petrobras a suspender os serviços.
Segundo as importantes revelações da coluna de José Osmando, no MeioNorte.com, investigações conduzidas pela Petrobras apontaram para graves suspeitas acerca da venda da Petrosix. Escandalosamente, a unidade industrial de refino de xisto foi vendida para o grupo Forbes & Manhattan a preço abaixo do que a Petrobras já vinha faturando anualmente por sua produção.
A empresa denunciada levou o ativo pela barganha de cerca de R$ 60 milhões, enquanto as estimativas de valor da unidade eram de algo em torno de R$ 137 milhões.
A história ganhou novos contornos nesta semana, com a descoberta de que os valores provenientes da venda nunca foram recebidos pela Petrobras.
E tem mais. Por trás do grupo estrangeiro beneficiado pelo esquema estaria o ex-engenheiro químico da estatal, Jorge Hardt Filho, que teria repassado segredos industriais que foram posteriormente repassados aos compradores da Petrosix. O ex-engenheiro da Petrobras é pai da juíza federal Gabriela Hardt, que atuou como braço direito do ex-juiz Sérgio Moro nas operações da Lava Jato.
Os processos nebulosos da saída da Petrobras do RN
Até o momento, não há confirmação de investigação por parte da Petrobras quanto aos processos que resultaram na venda dos ativos da empresa no Rio Grande do Norte. Indícios de que os negócios foram realizados à margem lei não faltam.
Hoje(15), às 10h, publicaremos a primeira de uma série de reportagens produzidas ao longo dos últimos meses. Nelas, evidenciamos que a Petrobras se desfez de seus ativos potiguares sem observar as normas legais e com claros sinais de favorecimento a uma empresa privada, que viria a ser dirigida pelo ex-presidente da estatal, Roberto Castello Branco.
Por trás do obscuro financiamento dessa empresa, aparece também uma instituição bancária ligada ao ex-ministro da Economia Paulo Guedes, que também estaria ligado ao escândalo da Petrosix.
Caso se comprovem as denúncias que temos apurado, poderemos estar diante do mais grave caso de ofensa ao patrimônio público e aos interesses da sociedade já registrado em toda a história do Rio Grande do Norte. Negócios bilionários fechados como se fecha uma venda à fiado na bodega da esquina.
Ao todo, a primeira fase do Dossiê: o RN e o petróleo conta com 19 reportagens que buscam esclarecer o que aconteceu com a maior indústria do estado nos últimos anos. Amanhã, às 10h, será divulgada nossa reportagem sobre a escandalosa venda do Polo Macau da Petrobras para a empresa 3R Petroleum.
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