Foto: A Ordem, 1942.
Dentre os múltiplos municípios potiguares que têm nomes de pessoas, Afonso Bezerra, figura como um dos que não é político, foi um jovem comum à frente do seu tempo que na próxima sexta-feira completa 93 anos de sua morte.
Afonso Ligório Bezerra , que dá nome ao município potiguar, morreu em 1930, aos 22 anos. Desde os 16 anos e até a sua morte, causada por tuberculose, ele escreveu muitos contos e artigos, os quais foram publicados em diversos jornais do país.
O personagem que homenageia a antiga localidade de Carapebas, atual município da região central do estado, foi acadêmico do curso de Direito do Recife, mas era considerado um jornalista e escritor por vocação. Afonso Ligório Bezerra era filho de João Batista Alves Bezerra e Maria Monteiro Bezerra.
Nasceu em 09/06/1907, na antiga povoação de Carapebas, que atualmente tem seu nome no atual município da região central do estado.
Aprendeu as primeiras letras com os professores Vicente Barbosa e João Correia. Fez o curso secundário a partir de 1923 no Colégio Santo Antonio em Natal, naquele tempo sob a direção diocesana, atualmente sob a direção dos irmãos Maristas. Ingressou na Faculdade de Direito do Recife em 1928 cursando o 2º ano. Figura no quadro de formatura como homenagem póstuma dos seus colegas de turma, que atenderam o seu desejo colocando a imagem de Cristo no mesmo quadro.
Sempre estudioso, as suas tendências literárias foram demonstradas desde a infância. Aos 12 anos, enviou para uma revista carioca um conto sertanejo, que foi publicada, merecendo os melhores elogios. Colaborou assiduamente no jornal Diário de Natal, na República, ambos da capital potiguar e no jornal A Tribuna do Recife, algumas vezes escondido sob o pseudônimo de Lauro e Alípio Serpa. Toda a sua obra literária, digna, aliás, de ser enfeixada num volume, iniciativa tomada pelo seu conterrâneo e primo Aluisio Alves. Escreveu sobre a defesa dos ideais cristãos e sobre a vida sertaneja.
Foi membro da Congregação Mariana, entrando na Congregação de NS da Apresentação e São Luiz Gonzaga, embaixadores da Catedral de Natal em 09/06/1925, recebendo a fita da congregação em 11/01/1926 conferida por Dom José Pereira Alves, terceiro bispo de Natal e seu grande admirador.
Adoeceu na sua terra no final de dezembro de 1929. Vindo para Natal em companhia de seus pais, em busca de melhoras, faleceu em 08/03/1930 na residência de seu cunhado Floriano Paulino Pinheiro a Rua Cel Bonifacio, 708, atualmente Rua Santo Antonio, sendo sepultado em catacumba da Irmandade do Senhor do Bom Jesus dos Passos. Contava apenas 22 anos quando morreu, estava cursando Direito em Recife onde algumas vezes foi distinguido com a sua colaboração literária.
Em 09/06/1931 o prefeito de Angicos, Manoel Alves Filho, anuindo a um abaixo assinado, decretou a mudança de Carapebas para Afonso Bezerra.
Foi uma justa homenagem a um jovem norteriograndense que soube ser na vida um modelo de virtudes morais e cívicas. Na então povoação de Afonso Bezerra, hoje cidade, foi erguido um monumento em sua honra.
Os restos mortais de Afonso Bezerra foram depositados em uma urna na capela da primeira seção de catacumbas da Irmandade dos Passos no Cemitério do Alecrim. (A ORDEM, 07/03/1942, p.4).
a morte de Afonso Bezerra causou comoção não só na terra potiguar como também na cidade do Recife onde ele estudava quando veio a adoecer.
Sobre Afonso Bezerra escreveu Câmara Cascudo: “ Afonso era antes de tudo um valor moral, um coordenador eugênico no ponto de higiene de inteligência e no asseio das ideias.Altivo, meigo, simples, ingênuo, dedicado, acendia-lhe a curiosidade intelectual o vivo desejo de conhecer as razões da nacionalidade.Agora era o domínio puro do espírito que os seduzia.Morre quando principiava a vencer.Jesus Cristo ensinou a morrer, como sabe aqueles que lhe dedicam as forças espirituais da existência”. (MARIA, 1930,p.33).
De acordo com a revista Maria o jovem potiguar foi um dos elementos de maior destaque no movimento da reação católica do Recife. possuía a Afonso Bezerra muito estreitamente dadas as qualidades ilibadas do seu coração.(MARIA, 1930, p.27).
São exemplos assim que nos enchem de orgulho.
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