Do Blog de Cristina Lobo
As tantas horas de gravação das delações premiadas de ex-dirigentes da Odebrecht não deixam qualquer dúvida sobre o modelo de negócio da companhia: comprar quem atravessasse na frente e pudesse dificultar o caminho para a empreiteira se tornar a maior do país. Em 20 anos, a Odebrecht se tornou a maior empreiteira do Brasil e continuou seguindo o "modelo de negócio" até se deparar com as investigações da Operação Lava Jato.
Isso foi atestado nos vários depoimentos homologados pelo STF, e que deram sustentação para a abertura de 76 inquéritos para investigar políticos citados. Houve "compra" de ministros, governadores, senadores, deputados federais, estaduais e prefeitos.
Para tanto pagamento, foi criado até o Departamento de Operações Estruturadas, por onde passaram US$ 3,4 bilhões em dez anos. Com o dólar a pouco mais de R$ 3,00 reais, isso quer dizer mais R$ 10 bilhões ou R$ 1 bilhão por ano em propina, pagamentos e bônus internos.
Houve até um caso em que a "compra" foi avaliada como um "mau negócio". A Odebrecht decidiu repassar R$ 6 milhões para o então candidato do PSC à Presidência em 2014, pastor Everaldo, acreditando que a grande massa dos 26 milhões de evangélicos fossem votar nele. O pastor Everaldo teve menos de 1% dos votos. A doação, disse um dos delatores, foi desproporcional ao retorno.
Também houve casos em que, de tão importante o beneficiário, a companhia preferiu "pagar duas vezes" a criar um caso. Isso teria acontecido, por exemplo, com Eduardo Cunha. Na contabilidade da empresa, ele já teria recebido R$ 500 mil, mas reclamou e a solução considerada "mais apropriada" foi a de pagar de novo. Cunha tinha vários interlocutores na companhia e pressionava a todos.
Pelo que se vê, a Odebrecht não aceitava um "não" a seus pedidos, somente perguntava "quanto custa"? E, pelo andar das coisas, pagar propina valeu a pena. Segundo estudo feito na Suíça, para cada milhão pago em propina, a empresa ganhava 4 milhoes (sem especificar a moeda).
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