Carlindo de Souza Dantas, segundo pesquisa de Mary Campelo de Oliveira e Lourival Andrade Junior (UFRN/CERES), “nasceu no dia 30 de agosto de 1934, cuja filiação remete-se a Raimundo de Souza Dantas e Eliza Elza Dantas, viveu sua infância no Sítio Riacho da Serra, município de Caicó, de propriedade de seu pai”. Cursou as primeiras letras na Escola Pública do Itans e, em seguida, estudou no Grupo Escolar Senador Guerra, no GDS-Ginásio Diocesano Seridoense, Curso Científico na Escola Marista em Natal e Medicina na Faculdade do Recife. Concluinte aos 26 anos, Carlindo migrou para São Paulo onde fez residência médica em anestesia. Retornando a Caicó passou a trabalhar como médico, atendendo na cidade e nos mais próximos municípios.
Com uma notável popularidade conquistada como médico dos pobres, Carlindo de Souza Dantas se elegeu Deputado Estadual em 1966 pela Arena Vermelha, vinculado à liderança de Dinarte Mariz. Se vivo fosse em 1968 seria um candidato fortíssimo para as eleições municipais daquele ano. Aliás, mesmo falecido, foi o assunto mais frequente no palanque vitorioso da Arena Vermelha em 1968, que defendia o Advogado Francisco de Assis Medeiros para Prefeito de Caicó.
O assassinato do Deputado Carlindo Dantas ocorreu por volta das 23 horas do dia 28 de outubro de 1967, por ocasião de um baile no Caicó Esporte Clube. De uma das peças do processo judicial movido a partir do homicídio, lembrada por Ítalo Pinheiro na publicação “Esclarecendo uma situação: o caso Carlindo Dantas”, se extrai a informação de que, além de Carlindo e Aníbal Macedo, foram feridos no evento: Julimar Andrade Vieira, Leomar Batista de Araújo, Aldo Pereira da Costa e Nilton César da Costa. Em síntese, o processo judicial apontou para a autoria material do crime, recaindo condenação sobre os pistoleiros Edmar Nunes Leitão (Edmar Letreiro ou Antonio Letreiro) e Edilson Nunes Leitão, vulgo Zé Maria.
Segundo informações contidas no processo, os autores, depois do crime cometido, fugiram em um veículo DKW, cor escura, inicialmente em direção a Serra Negra do Norte. A informação foi levada a conhecimento da Justiça pelo próprio Juiz da época, João Marinho, que, ao lado de Erasmo Bernardo da Costa e José Osório de Souza, saíram de Caicó, logo após o acontecimento, em diligência e chegaram até Patos onde, inclusive, encontraram um veículo com características semelhantes ao que havia sido visto próximo à cena do crime.
O fato é que, adiante, Edmar Leitão foi preso e condenado pelo duplo assassinato. Sobre o irmão, Zé Maria, se tem notícias de que morreu – por morte matada – nas terras da Bahia. Edmar ainda tentou envolver outras pessoas como autores intelectuais, dentre os quais, Sebastião César de Queiroz, pai do médico Onaldo Pereira de Queiroz que, no dia 28 de junho de 1966, foi assassinado em Caicó e cuja morte não foi suficientemente esclarecida. Contudo, o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte julgou terminativamente, em maio de 1972, absolvendo Sebastião e outros mais que haviam sido citados ao longo da instrução processual. Antes, Edmar conseguiu fugir, mas não há vida longa para a pistolagem. Não tenho segurança na informação, mas alguns poucos admitem que foi suicídio, outros que foi morte encomendada, mas, de certo, em 1971, Edmar Leitão foi encontrado morto no sertão do Ceará, em um lugar chamado Três Bodegas, Icó.
De todo modo, amado ou criticado, Carlindo de Souza Dantas, se vivo tivesse continuado, teria feito carreira política muito provavelmente vitoriosa. Aníbal Macedo, igualmente, já trilhava um promissor caminho empresarial. A história seguinte, sem o sangue do dia 28 de outubro de 1967, seria diferente – sem análise de mérito – com Carlindo vivo e atuante na política local. E do fato do crime e de outros mais que no período ocorreram, que tantas vezes ouvi ainda menino dos mais velhos, já se vão quase 50 anos… É a vida que corre ligeira, parecendo aperreada para envelhecer logo a gente.

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